segunda-feira, 25 de abril de 2011

Considerações Finais

Na Europa Medieval, aquelas mesmas mulheres que foram perseguidas mantinham vivo o importante conhecimento das plantas medicinais, como o fizeram povos nativos de outras partes do mundo. Sem essas tradições ligadas às ervas talvez nunca tivéssemos produzido o arsenal de fármacos que temos atualmente. Mas hoje, se não executamos mais os que apreciam remédios potentes feitos com o mundo dos vegetais, estamos eliminando as próprias plantas. A contínua perda das florestas pluviais tropicais do mundo, hoje estimada em quase dois milhões de hectares a cada ano, pode nos privar da descoberta de outros alcaloides que poderiam ser ainda mais eficientes no tratamento de uma variedade de afecções e doenças.
Talvez nunca venhamos a descobrir que há moléculas com propriedades antitumor, ativas contra o HIV, ou que poderiam ser remédios milagrosos para a esquizofrenia, os males de Alzheimer e Parkinson nas plantas tropicais, que a cada dia mais se aproximam da extinção. De um ponto de vista molecular, o folclore do passado pode ser uma chave para nossa sobrevivência no futuro.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Explicação dos Simbolos de Bruxaria: SAPOS, VASSOURAS...



Dentro do imaginário popular, seja nos contos de fadas, na arte lúdica, ou na superstição, sapos, magia e bruxas estão bastante ligados. É fácil reconhecer isto nas famosas lendas de príncipes que se tornam sapos por meio dos encantamentos de uma bruxa, ou nas imagens e retratações feitas por artistas durante a Idade Média, onde a figura da bruxa muitas vezes era encontrada junto de sapos. Como é sabido dentro dos meios Tradicionais da Arte, as lendas, contos populares e superstições guardam resquícios de costumes mágicos antigos, e este ensaio tem a intenção de explanar sobre as associações mágicas existentes no sapo, e sua importância para a chamada Bruxaria Tradicional.

O sapo é um anfíbio que vive em ambientes úmidos, principalmente pela necessidade de seus ovos e girinos. Existem cerca de 4.800 espécies de sapos, e estes se distinguem das rãs pelas membranas interdigitais menos desenvolvidas e pela pele mais seca e rugosa. Quase todos os sapos da família Bufonidae tem duas glândulas na parte de trás da cabeça. Em estado de irritação ou medo, estes sapos liberam substâncias venenosas destas glândulas. Estas substâncias, chamadas de bufotoxinas são psicoativas, em maior ou menor escala, dependendo da espécie do sapo, por isso, eles são chamados de “Sapos Psicoativos”. O Sapo do Rio Colorado (Bufo alvarius) contém as bufotoxinas 5-MeO-DMT e bufotenina, enquanto as outras espécies contém apenas a bufotenina. Ambas são substâncias classificadas como “Triptaminas Alucinógenas”, que podem causar efeitos alucinógenos quando a pele ou veneno do sapo são fumados ou assimilados pela língua. Ao contrário da crença popular, o veneno dos sapos não causa verrugas. Em algumas tradições Xamânicas das Américas, eram usadas combinações destes venenos para se alcançar comunhão com o Mundo Espiritual e para a transcendência do Xamã. Na Europa, as bruxas também se utilizavam de bufotenina, assim como de ervas e fungos alucinógenos, para entrarem em comunhão com o Senhor Chifrudo e seguirem para o Verdadeiro Sabbat, que é o Local de Poder no Outro Mundo, onde ocorre o Congresso com o Espírito, ao invés da concepção moderna de Rito Sazonal.

“No século XVI, os círculos bruxos do noroeste da Espanha utilizavam o sangue do sapo para confeccionar seus ungüentos de vôo. Em 1525 Maria de Ituren confessou ter digerido um ungüento de vôo a partir de pele de sapo e tanchagem, sem dúvida misturados em uma base oleosa. As bruxas suecas fabricavam os seus ungüentos com gordura de sapo, saliva de serpente e plantas venenosas. Os covens alemães têm a reputação de fritar os sapos para preparar tais ungüentos. Os ungüentos a base de gordura de sapos eram também utilizados pelas bruxas húngaras e do Leste da Europa para chegar ao êxtases do “vôo pelo espírito”.” [1] O Sapo tem há muito tempo uma conexão com o Mistério, os Segredos e os Poderes Noturnos. São animais reservados, que aparecem somente durante a noite, e sempre ligados a ambientes aquáticos e úmidos; o sapo habita tanto na terra como na água, passando de um ambiente para o outro confortavelmente, o que o torna um ser associado ao “trânsito entre os mundos” , e ligando-o como mensageiro entre a terra e o submundo. É interessante notar como até mesmo esta idéia, do sapo como guardião dos mundos, está presente em lendas e contos antigos e modernos; um exemplo disto é o recente filme O Labirinto do Fauno de Guillermo del Toro, onde um grande sapo que habita em uma árvore é o guardião da chave para o Reino Subterrâneo, e a personagem Ofélia só consegue adquirir tal chave após destruir o sapo, uma clara referência à Ordália. Também por habitar em regiões pantanosas, o sapo é especialmente sagrado para as deidades ctônicas, mais uma associando-o ao mundo inferior.

Os artistas da Idade Média retratavam os sapos em ligação com o Diabo, e por sua vez como Animais Familiares das Bruxas. É interessante notar que, dentro de muitas das irmandades e sectos de Bruxaria Tradicional, tanto os sapos, como as serpentes e dragões são os seres diretamente ligados ao Diabo, uma das muitas máscaras do Senhor Chifrudo das Bruxas, e ele por muitas vezes aparecia no Sabbat se utilizando da forma de um desses seres. As bruxas também tomavam a forma de animais para irem ao Sabbat, e uma das formas mais comuns era a do sapo. Assim como os Xamãs americanos, elas se transfiguravam nos animais para seus ritos, e novamente aqui vemos o autentico uso dos enteógenos[2] para tal ato sagrado. Como descrito pelo Ocultista Nigel A. Jackson, o símbolo do Diabo pela tradição heráldica medieval, consistia em três sapos sobre o brasão, o que afirmava a ligação com os poderes do mundo abaixo. As bruxas bascas eram marcadas com o sinal conhecido como “Pé de Sapo” , pelo Diabo. Encontramos em Gypsy Sorcery and Fortune Telling de Charles G. Leland, a referência de uma Associação de Feiticeiros da Espanha, em 1610, onde a pessoa que era admitida nesta Ordem recebia uma marca em forma de sapo sobre sua pálpebra e que um sapo de verdade lhe era dado como Familiar, conferindo-lhe poderes como o da invisibilidade, mudança para a forma de animais variados e o poder de se transportar para lugares distantes. Até o fim do século XIX, no Oeste da Inglaterra, havia uma tradição de Magia Popular Medicinal, das quais seus praticantes, conhecidos como Toad Doctors (Médicos-Sapos) acreditavam na cura de diversas doenças, inclusive e mais propriamente aquelas causadas por feitiçaria, por meio do uso de um fetiche feito com a perna de um sapo vivo dentro de um saquinho de musselina e o pendurando em torno do pescoço da pessoa doente.

No Leste da Inglaterra, principalmente no condado de Essex, há uma tradição mágica de bruxos solitários conhecidos como Toad-Witches (Bruxos-Sapos). O folclore, mantido até os dias de hoje, reza que há um rito solitário que visa a obtenção de poderes mágicos, mais propriamente o poder de dominar as bestas e animais e destes especialmente o Cavalo, que é conferido por meio de um amuleto feito do osso de um sapo. É dito que este amuleto, o Toad-Bone Charm (Fetiche-de-Osso-de-Sapo), pode servir como uma chave em todos os assuntos concernentes da Arte Sábia. O rito de obtenção deste amuleto é considerado dentro da Bruxaria Tradicional, como uma Iniciação Solitária e Vertical. Ao contrário da tão afamada “auto-iniciação” onde a pessoa faz um ritual e se considera um Iniciado, a Iniciação Solitária depende de diversos sinais e provações para ser concluída, e se tais sinais não forem dados, o ritual não é concluído e não há Iniciação. Dentro dos costumes dos Toad-Witches, aquele que busca a Iniciação deve procurar um tipo específico de sapo, sacrifica-lo com um espinho de blackthorn (Prunus spinosa) , e deixar sua carne ser comida pelas formigas para se obter apenas os ossos. Estes ossos são então ser recolhidos e jogados em uma corrente de água, e apenas um osso deve voltar para as mãos do praticante, em meio a vários fenômenos naturais que tem por objetivo amedrontar e tirar a atenção do mesmo. Se o osso do sapo não voltar o rito não foi bem sucedido, caso o osso retorne para suas mãos, então ele pode prosseguir nas outras etapas do rito, as quais culminarão no encontro com o Diabo e a Iniciação em si. O próprio sacrifício do sapo em si já é a primeira das provações para saber se o rito poderá ou não ser feito pelo praticante. É dito que somente se pode prosseguir neste Mistério se o modo do sacrifício for revelado por sinais e presságios; é dito ainda que, caso nenhum presságio for recebido, sabe-se que o rito não deve ser feito, e prosseguir é ser amaldiçoado [3].

As referências mais antigas do uso dos Toad-Bone Charms aparecem na História Natural de Plínio, em aproximadamente 77 d.C. Os poderes atribuídos por Plínio ao Osso de Sapo, entre os quais o de domar animais, seduzir, favorecer o amor e causar a discórdia, são os mesmos do rito inglês. Vemos aqui claramente um indício da antiguidade de tal Mistério. Plínio também descreveu como proteger magicamente as colheitas das tempestades, colocando um sapo em um pote e enterrando-o nos campos. As referências de Plínio são repetidas por Agrippa em seu Filosofia Oculta, escrito aproximadamente em 1509 e publicado na Alemanha em 1531. Scot, em Discoverie of Witchcraft, 1584, também cita o uso do osso de sapo como um amuleto de bruxaria, onde novamente a carne do sapo é devorada por formigas e o osso usados para se produzir prodígios mágicos, para o bem e para o mal. Segundo a magia medieval, para tornar-se amado, deve-se colocar um sapo morto num recipiente de barro, cheio de furos, e colocar este recipiente no topo de um formigueiro. Depois que as formigas consumirem toda a carne, deve-se moer o osso até virar pó e mistura-lo com sangue de morcego, e então jogar este pó na comida e bebida da pessoa de quem se deseja o amor. O pó dos ossos de sapos também era utilizado na magia medieval para a abertura de portas e cadeados trancados.

De acordo com Andrew D. Chumbley, o falecido Magister da Cultus Sabbati, o sapo mais indicado para o Mistério dos Toad-Witches na Inglaterra seria o Natterjack Toad (Bufo calamita). Este é um sapo difícil de ser encontrado e que vive no meio da areia.

No Brasil, temos uma espécie de sapo muito interessante, e que é especialmente sagrado dentro das manifestações mágicas da Irmandade de Bruxaria Tradicional Via Vera Cruz. Este sapo é conhecido pelo nome científico Bufo crucifer. Como um sapo da família Bufonidae ele contém a Bufotenina e é encontrado em florestas densas, rios, pântanos de água doce, jardins rurais e florestas antigas. Infelizmente é um sapo que está ameaçado pela perda de habitat natural. Ele é especialmente sagrado por carregar em suas costas uma mancha na forma semelhante de uma cruz – daí seu nome crucifer, “o que carrega a cruz”. Neste contexto, ele serve como um elo entre céu e inferno. Além do extenso uso do osso de sapo na Bruxaria, há também uma pedra especial, chamada de Pedra-de-Sapo ou crepaudina, encontrada na cabeça dos sapos, dotada de poderes ditos mágicos. Nigel Jackson cita que tal pedra cura todas as picadas e mordidas de animais e que, colocada sobre um anel, a pedra empalidece quando na presença de venenos. Em “As You Like It”, Shakespeare faz uma referência à crepaudina: “O sapo hediondo e venenoso tem em sua cabeça uma pedra preciosa”. É dito também que tal pedra protege aquele que a usa como amuleto de qualquer tipo de malefício e feitiçaria. Entre os ciganos Rom, o Diabo normalmente aparece sob a forma de um sapo ou rã, e seu nome é “Beng”, que em Romani significa “como uma Rã”. Para os ciganos da Romênia, a Rainha das Fadas vive sob a aparência de um Sapo de Ouro. O Sapo é também associado às deidades obscuras bruxas Hécate e Lilith, ambas as deidades relacionadas com a Rainha de Elphame dentro do contexto da Arte Sábia. Outra ligação do sapo com o Reino das Fadas, e por sua vez com a Rainha de Elphame e com o Diabo, encontra-se na antiga palavra italiana “fata”, que significava tanto sapo quanto fada. Para a Bruxaria Italiana encontrada na Florença, como exposta por Charles G. Leland, Diana é a “Rainha das Fadas” e um de seus animais sagrados é o sapo. O sapo também é ligado ao conceito de fertilidade. Para os antigos egípcios, ele era o animal sacro de Hekat, a deusa da fertilidade e encontramos nas práticas do coven de Auldearne, em 1662, uma prática mágica curiosa para atrair a fertilidade para os campos, onde um sapo puxava um arado pela terra enquanto os bruxos clamavam ao Diabo pela fertilidade da Terra. O Sapo é o Animal Familiar da Bruxa, que lhe dá a chave para o Submundo e lhe confere o Congresso com o Diabo, Mestre Chifrudo do Sabbat. Ele é o Guardião dos Mundos, é o bruxo e é também o próprio Diabo. A ligação entre os sapos e as bruxas são muito mais reais e próximas do que apenas o imaginário popular

A vassoura pode ser vista como nada mais nada menos que a própria representação do rito sexual, com o cabo (pênis) ligado ao tufo (vagina). Essa definição provavelmente é muito antiga, especialmente se analisarmos o mito de “bruxas voando em vassouras”. Há uma teoria bastante provável de que as bruxas, para abençoar as colheitas (em um ritual de fertilidade), pulavam sobre vassouras à noite nos campos. Quanto mais alto se pulasse, maior a bênçãos da fertilidade. Além de tudo, era mais divertido.
Uma teoria como essa pode ser ou não verdade, mas o fato é que faz bastante sentido. Algumas pessoas devem ter visto essa cena se repetir e espalhou-se que as bruxas “voavam” em suas vassouras. Todo o rito de fertilidade, o simbolismo sexual da vassoura, os festivais da colheita e as bruxas. É muito mais razoável do que simplesmente dizer que elas voavam mesmo em vassouras.

Fonte:http://cruxsabbati.com/2008/07/sapos-e-bruxas-o-sapo-como-agente-mgico.html

Liberação de Drogas no Brasil?


Há um século, a comunidade internacional reuniu-se em Xangai para dar um basta à primeira crise de saúde pública provocada pelo consumo de droga: a epidemia de ópio na China. O país produzia 35 000 toneladas anuais, quatro vezes a produção mundial atual, para atender os viciados – 25% da população. Desde então, o ópio perdeu popularidade – embora ainda seja consumido em grande quantidade na Ásia. Nas décadas seguintes, outras drogas, como maconha, cocaína e ecstasy, foram adicionadas à lista das substâncias proibidas. Em comum, elas têm o poder de causar dependência e efeitos devastadores para o organismo humano. Na semana passada, uma reunião da Comissão de Entorpecentes da ONU em Viena, na Áustria, definiu os princípios da política antidrogas internacional para os próximos dez anos. O impressionante não é o plano para o futuro, mas o balanço da última década. A tentativa de criar "um mundo livre de drogas", proposta na reunião da ONU de 1998, foi um fracasso.

Estima-se que 210 milhões de pessoas, ou cinco em cada 100 adultos, usaram algum tipo de droga ilícita nos últimos doze meses. A proporção mantém-se inalterada desde a década passada. Apenas um em cada oito usuários é dependente, como foi o argentino Maradona – os demais são consumidores ocasionais, a exemplo do nadador americano Michael Phelps. Mesmo diante de inegável derrota da meta anterior, o encontro de Viena decidiu-se por mais uma década de "guerra às drogas" – desta vez, articulada com programas assistenciais, como a distribuição de seringas para viciados em heroína. A novidade, ironicamente, ficou por conta de uma proposta antiga – que o falecido Nobel de Economia Milton Friedman já defendia na década de 70 –, mas que nunca antes tivera tantas adesões: a legalização das drogas.

bom deixar claro: a ONU não chegou nem perto de liberar as drogas. O que houve foram vozes isoladas, mas num coro crescente, que sugeriram que essa opção fosse incluída no debate. Os defensores, entre os quais está o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, argumentam que as drogas devem ser tratadas como uma questão de saúde pública. Seus usuários são doentes, e não criminosos, e devem ser atendidos por serviços assistenciais com o intuito de reduzir os riscos a que estão expostos, como overdose, aids e outras doenças. Os governos poderiam taxar e regulamentar o comércio de drogas, tirando-o das mãos dos traficantes e diminuindo a violência associada à disputa por mercados consumidores. Com esse dinheiro, financiariam programas de tratamento de dependentes e educariam seus cidadãos sobre os malefícios dos entorpecentes.

Apesar de ter defensores de peso, a liberação das drogas ainda encontra muitas objeções. "O medo é que uma política de legalização das drogas hoje consideradas ilícitas implique uma banalização do consumo, como aconteceu com o álcool e o cigarro", diz a advogada Janaína Conceição Paschoal, ex-presidente do Conselho Estadual de Entorpecentes de São Paulo. Embora não se saiba com exatidão o que aconteceria se o mundo inteiro resolvesse liberá-las, a maior disponibilidade de drogas certamente aumentaria o número de usuários. "Isso já acontece quando pessoas que nunca experimentaram drogas viajam para locais onde o consumo é tolerado", diz o psicoterapeuta Paulo Campos Dias, especialista em dependência química. "Quando veem que o assunto é tratado com naturalidade na região, a curiosidade fala mais alto."

As experiências de relaxamento da repressão às drogas têm efeitos ambíguos. Na Holanda, que liberou a compra de até 5 gramas de maconha em lojas especializadas, apenas 5% dos habitantes fazem uso da substância, menos da metade da média verificada na Suíça, na Itália e na Espanha. Em compensação, a capital, Amsterdã, vive às turras com "turistas da droga", que transformaram o bairro da Luz Vermelha num centro do narcotráfico europeu. Iniciativa similar em Zurique, na Suíça, foi abandonada devido à degradação urbana provocada pela tolerância excessiva.

Eis o principal paradoxo da questão das drogas: a liberação aumentaria o consumo, mas leis mais severas não inibem os consumidores. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, a forte repressão policial não impede que haja altos índices de usuários. O governo americano gasta 40 bilhões de dólares por ano e colocou 500 000 pessoas na cadeia na tentativa de livrar os Estados Unidos das drogas, mas o país não perde o posto de o maior consumidor mundial de substâncias ilícitas. "Há um consenso cada vez maior sobre os limites inerentes a uma política antidrogas meramente repressiva", disse a VEJA o economista americano Peter Reuter, da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos. "É preciso complementá-la com estratégias que façam diminuir as consequências maléficas do consumo."

Embora polêmicos, alguns programas baseados na política de redução de danos já foram implementados com sucesso, sobretudo na Europa. O governo suíço fornece heroína para os usuários que não largaram o vício pelos tratamentos tradicionais. Com a aplicação controlada, feita em último caso, os resultados impressionam: entre 1991 e 2007, os índices de overdose e de transmissão de aids por seringas contaminadas caíram pela metade. O mercado mundial de drogas movimenta 320 bilhões de dólares por ano, o equivalente ao PIB da Dinamarca, e tem margens de lucro exorbitantes. Um quilo de cocaína produzido na Colômbia sai do país custando 1 500 dólares. Quando chega ao consumidor final nos Estados Unidos, é vendido por 150 000 dólares. Os ganhos bilionários dos traficantes compensam as cargas apreendidas pela polícia e os gastos com suborno de autoridades. Joaquín "El Chapo" Guzmán, o líder do Cartel de Sinaloa e um dos bandidos mais procurados do México, é um dos homens mais ricos do mundo, segundo a última lista de bilionários da revista Forbes. Endinheirados, poderosos e armados, os traficantes são capazes de pôr países inteiros em xeque. Na Colômbia, o tráfico de cocaína financia os terroristas das Farc, que há quatro décadas tentam solapar a democracia do país. No Afeganistão, o primeiro provedor mundial de ópio, morfina e heroína, a maior parte do lucro fica com as milícias talibãs, que lutam contra as tropas da Otan. Se tentar combatê-las à força provou-se uma tática infrutífera, nada indica que a legalização das drogas varreria essas organizações clandestinas do mapa – elas poderiam continuar vendendo um produto mais barato no mercado negro. É isso que acontece com o cigarro hoje em dia. Definitivamente, não existem soluções fáceis para problemas difíceis. "
Fonte:http: //www.adrenaline.com.br/forum/papo-cabeca/250826-liberacao-de-drogas-no-brasil.html

terça-feira, 19 de abril de 2011

DROGAS ALUCINÓGENAS


 

                                    DROGAS  ALUCINÓGENAS

Com o nome de drogas alucinógenas denomina-se um conjunto de substâncias naturais ou sintéticas capazes de atuar sobre o sistema nervoso de uma forma ainda não muito bem conhecida. A classificação mais consensualmente aceita para tal classe de substâncias psicoativas foi proposta por Jean Delay que as classifica como Dislépticas (modificadoras) em oposição aos compostos moleculares ou moléculas cujo efeito pode ser considerado como Lépticos (estimulantes) e Analépticos (depressores). A utilização destas drogas com fins recreativos oferecem sérios riscos. Distorcem os sentidos e confundem o cérebro e afetam a concentração, os pensamentos e a comunicação. As drogas sintéticas, a exemplo do LSD, Anticolinérgicos e ecstasy Metilenodioximetanfetamina com um grau de pureza maior podem causar a confusão da noção de tempo e de espaço e causar um efeito similar ao sonho e às psicoses. Observe-se porém que nem todas as drogas que causam alucinações são consideradas alucinógenos, a exemplo da clássica visão dupla induzida pela intoxicação alcoólica.
As drogas alucinógenas, em Portugal, drogas alucinogénias, são assim chamadas por um de seus possíveis e mais relatados efeitos que é a propriedade de causar alucinações (falsas percepções) e visões irreais ou oníricas aos seus utilizadores. Outros nomes propostos também estão associados a efeitos atribuídos e relatados tais como: Psicotomiméticos e Psicotogênicos por induzir efeitos semelhantes à psicose (mais especificamente as alucinoses e alucinações) ou as causar; Psicodélicos por sua propriedade de fazer aparecer ou revelar a psique oculta; Enteógeno pelo reconhecimento antropológico de que tal classe de substâncias é frequentemente utilizado nas mais diversas culturas em rituais religiosos.
Esse último efeito atribuído também decorre da associação dessas substâncias à capacidade de facilitar a concentração ou meditação também descrita como expansão da consciência. No conjunto de alterações da consciência detectáveis por medidas do eletroencefalograma (eeg) situa-se na faixa das frequências alfa - a ou “sonhos lúcidos” entre a vigília plena e sono.
No plano das interpretações psicológicas ou psicanalíticas situa-se entre os fenômenos de modificação das emoções e personalidade, superficialmente descritas como uma relação entre o ego e o mundo exterior/interior, análogo as interpretações que se dá ao satori zen–budista, efeitos da yoga ou transe das religiões de possessão africanas, gregas, indígenas entre outras.
Na descrição da categoria Psicodislépticos, Goodman & Gilman referem-se a efeitos estimulantes e depressores simultâneos em diferentes sistemas (circuitos) de neurotransmissores ou regiões do cérebro, incluem os anticonvulsivantes não barbitúricos e relaxantes da musculatura esquelética narcoanalgésicos e analgésicos e antitérmicos psicotogênicos.

Efeitos colaterais

Estudos antropológicos ou etnofarmacológicos com resultados consistentes sobre a utilização ritual e efeito dessas plantas ainda são incipientes. Mesmo os estudos de psicofarmacologia ainda não produziram resultados definitivos. Os relatos de psicose são escassos e se contrapõe as frequências observadas nas populações que tradicionalmente fazem uso. Estima-se para a esquizofrenia, por inquéritos epidemiológicos, uma incidência em torno de 1% em populações urbanas das diversas Américas.
O mesmo pode ser dito quanto a segurança de uso para gestantes, ou seja, seu potencial mutagênico e teratogênico há referência à diminuição da quantidade mobilidade de espermatozóides e fertilidade feminina com o uso de maconha (Cannabis sativa) um planta que, para muitos autores, não deveria ser incluída nessa categoria de substâncias e há referências à efeito clastogênico (quebra de cromossomos) em pesquisa com LSD in vitro e aumento do número de abortos (Goth, Mota).

 Psicotomiméticos e serotonina

LSD, Psilocibina e Mescalina, variam quanto ao tempo de ação, produzem tolerância e tolerância cruzada, não produzem dependência fisiológica, as duas últimas estão associadas a vômitos como efeito colateral. Esse último efeito pode estar relacionado a alta concentração de 5HT (90% do disponível no organismo) é encontrada nas células enterocromafins do trato gastrointestinal ou a uma ainda não bem conhecida interferência nos centros de vômito e postura do bulbo.

Em grandes doses esse neuro-hormônio é sedativo, sua ação depressiva entretanto é bloqueada pela clorpromazina (Himwich). É antagonizado pelo LSD o que levou a elaboração de teorias serontoninérgicas sobre a esquizofrenia, contudo outros antagonistas da serotonina não são alucinógenos (himwich, Barron et all).

Há pesquisas que diferenciam os efeitos do LSD e Psilocibina nos diversos receptores da 5-HT e estudos com pontes radioligantes e experimentos funcionais apontam para o efeito agonista dessa classe de substancias sobre a serotonina (receptores 5-HT1a e 5-HT2). (Brito)

Segundo Graeff o LSD combina-se também com receptores da Dopamina reforçando por sua vez as hipóteses dopaminérgicas da esquizofrenia, pois diversos agentes antipsicóticos antagonizam competitivamente com a dopamina.

A depressão e os Distúrbios Obsessivos Compulsivos (DOC) também estão associados aos níveis de serotonina e ambos os quadros psicopatológicos tem sido tratados (farmacológicamente) de modo eficiente com bloqueadores de recaptação sináptica (fluoxetina) que aumentam a serotonina ativa.
Pesquisas neuroetológicas associam os níveis desse neurotransmissor ao comportamento de liderança e agressividade. As funções da serotonina e seus diversos sítios receptores, portanto permanecem como o grande enigma para explicação do efeito psicodélico. O sucesso da utilização de tal classe de substâncias no tratamento de depressão, alcoolismo e outras drogadições tem explorado a compreensão dos sistemas bioquímicos referidos além dos efeitos psicossociais do contexto de sua utilização ritual.



FONTE:http://pt.wikipedia.org/wiki/Droga_alucin%C3%B3gena
http://www.youtube.com/watch?v=_-GPEbKB2RA&feature=fvsr

ATROPINA E OS ALCALÓIDES




                                  ATROPINA
 



                                                               
A atropina é um alcalóide, encontrado na planta Atropa belladonna e outras de sua família, que interfere na acção da acetilcolina no organismo. Ele é um antagonista muscarínico que age nas terminações nervosas parassimpáticas .
A Atropa belladona (ou erva-moura mortal) fornece principalmente o alcalóide Atropina (dl-hiosciamina). O mesmo alcalóide é encontrado na Datura stramonium, conhecida como estramônio ou figueira-do-inferno, pilrito, ou ainda maçã-do-diabo. A atropina é formada por ésteres orgânicos pela combinação de um ácido aromático (ácido trópico) e bases orgânicas complexas formando tropina (tropanol).
A atropina é um antagonista competitivo das ações da acetilcolina e outros agonistas muscarínicos. Ela compete com estes agonistas por um local de ligação comum no receptor muscarínico. Como o antagonismo da atropina é competitivo, ele pode ser anulado se a concentração da Acetilcolina ou de agonistas colinérgicos nos locais receptores do órgão efetor for aumentada suficientemente. Todos os receptores muscarínicos (M1 a M5) são passíveis de serem bloqueados pela ação da atropina: os existentes nas glândulas exócrinas, músculos liso e cardíaco, gânglios autônomos e neurônios intramurais.
A atropina quase não produz efeitos detectáveis no SNC nas doses usadas na prática clínica. Em doses terapêuticas (0,5 a 1,0 mg), a atropina causa apenas excitação vagal suave em conseqüência da estimulação da medula e centros cerebrais superiores. Com doses tóxicas da atropina a excitação central torna-se mais acentuada, produzindo agitação, irritabilidade, desorientação, alucinações ou delírio. Com doses ainda maiores, a estimulação pode ser seguida de depressão resultando em colapso circulatório e insuficiência respiratória depois de um período de paralisia e coma.
A ação cardiovascular depende da dose. Em baixas doses há a diminuição da frequência cardíaca, pois o efluxo eferente vagal é ativado, bloqueado o M1 nos neurônios inibitórios pré-juncionais, permitindo a liberação de acetilcolina. Já em altas doses a atropina bloqueia os receptores M2 no nódulo sinoatrial e a frequência cardíaca aumenta.
A atropina inibe as secreções do nariz, boca, faringe e brônquios e, dessa forma, resseca as mucosas das vias respiratórias. Essa ação é especialmente pronunciada se as secreções forem excessivas e constitui-se na base para a utilização da Atropina como medicamento pré-anestésico.
                                                        
                                                                ALCALÓIDES

                                                                              O grupo dos alcalóides compreende princípios ativos com diversas aplicações. Enquanto a emetina e a efedrina apresentam grande utilidade terapêutica, outros representantes do grupo, originalmente empregados como analgésicos, são largamente consumidos como estupefacientes. Exemplos são a cocaína e a morfina.
Os alcalóides são compostos químicos naturais, de origem vegetal, derivados de bases orgânicas nitrogenadas. São geralmente substâncias cristalinas, incolores, não voláteis, de gosto amargo, insolúveis em água e solúveis em álcool etílico, éter, clorofórmio, tetracloreto de carbono, álcool amílico e benzeno. Alguns são líquidos e solúveis em água, como a conina e a nicotina, uns poucos corados, como a berberina, que é amarela. A maioria dos alcalóides livres é levogira (giram o plano da luz polarizada para a esquerda), alguns são opticamente inativos e outros, dextrogiros (giram o plano da luz polarizada para a direita). Cabe observar que as soluções dos sais de alcalóides apresentam, freqüentemente, sinal e poder rotatório diferente daqueles dos alcalóides livres e que as diferenças dependem da concentração e da natureza do solvente.

        Desde épocas remotas sabe-se que os extratos brutos de certas plantas são remédios eficientes ou venenos poderosos. Por isso, já no início da química orgânica os pesquisadores se interessaram pelo isolamento e a identificação dos princípios ativos neles contidos. Em 1806, Friedrich Wilhelm Sertürner, farmacêutico alemão, isolou do ópio um composto básico a que, dada sua notável propriedade sedativa, deu o nome de morfina. Por volta de 1810, o médico português Bernardino Antônio Gomes isolou da cinchona (quina) uma substância cristalina, que denominou cinchonina. Anos depois, o químico e farmacêutico francês Pierre-Joseph Pelletier, orientando-se pelo trabalho de Sertürner, isolou outros alcalóides, como a quinina, a cinchonina, a estricnina, a colquicina e a veratrina.
Em 1840, a maioria dos alcalóides mais importantes estava isolada e identificada, sobressaindo entre eles, além dos acima citados, os seguintes: a piperina (da pimenta do reino); a cafeína (do café); a conina ou cicutina (da cicuta); a atropina (da beladona); a codeína e a tebaína (do ópio); a hiociamina (do meimendro); a emetina (da ipecacuanha); a curarina (do curare); e a aconitina (do acônito).
FONTE:http://pt.wikipedia.org/wiki/Atropina 
            http://www.youtube.com/watch